segunda-feira, 26 de julho de 2010

VERIFICAREI A COLAGEM NO CADERNO DIA: 29.7.10 Impreterivelmente.

Olá Aluno (a)

Por favor colar no caderno e em seguida ler. Estes textos são contos fantásticos e lhe ajudará a intensificar a ideia de que o conto fantástico começa com a idéia de real e passa para o irreal.

Uma Boa Leitura
Profª. Silvia

Texto 1

William Wilson

Uma noite, ao fim do meu quinto ano na escola e imediatamente após a discussão de que falei, aproveitando o momento em que todos dormiam, levantei-me e, com uma lâmpada na mão, dirigi-me, através de um labirinto de corredores estreitos, do meu ao quarto do meu rival. Havia muito planejara pegar-lhe uma peça de mau gosto, mas, até então, sempre fracassa. Tive pois a idéia de pôr o meu plano em prática e resolvi fazê-lo sentir toda a força da maldade de que estava possuído. Cheguei à porta de seu cubículo e entrei sem fazer ruído, deixando à porta a lâmpada com abajur. Avancei um passo e escutei o som de sua respiração tranqüila. Convencido de que dormia profundamente, voltei à porta, peguei a lâmpada e aproximei-me novamente da cama. Como os cortinados estavam cerrados, abri-os de leve e lentamente, para a execução de meu plano, mas uma luz viva caiu em cheio sobre o adormecido e ao mesmo tempo meus olhos se detiveram sobre sua fisionomia. Olhei; e um entorpecimento, uma enregelante sensação penetraram instantaneamente todo o meu ser. Meu coração palpitou, os joelhos vacilaram, toda minha alma foi tomada de um horror intolerável e inexplicável. Arquejando, baixei a lâmpada até quase encostá-la no seu rosto. Seriam... seriam mesmo as feições de William Wilson? Vi, sem dúvida, que eram os meus traços, mas
tremia como que tomado de um acesso de febre, imaginando que não eram. Que haveria pois neles para me confundir a tal ponto? Eu o contemplava – e meu cérebro girava em torno de milhares de pensamentos incoerentes. Ele não me aparecia assim – seguramente não parecia tal – nas horas ativas de sua vida acordado. O mesmo nome! Os mesmos traços! A entrada na escola no mesmo dia! E, ainda, essa odiosa e inexplicável imitação de minhas maneiras, andar, voz e costume! Estaria, na verdade, nos limites da possibilidade humana que aquilo que eu via agora fosse o simples resultado desse habito de imitação sarcástica? Tomado de horror, estremecendo, apaguei a lâmpada, saí silenciosamente do quarto e deixei imediatamente o recinto da velha escola, para nunca mais voltar.
[...]
(Ficção completa, poesia e ensaio. Rio de Janeiro: Aguilar, 1965. p. 275-6.)

Texto 2

O homem cuja orelha cresceu

Estava escrevendo, sentiu a orelha pesada. Pensou que fosse cansaço, eram 11 da noite, estava fazendo hora-extra. Escriturário de uma firma de tecidos, solteiro, 35 anos, ganhava pouco, reforçava com extras. Mas o peso foi aumentando e ele percebeu que as orelhas cresciam. Apavorado, passou a mão. Deviam ter uns dez centímetros. Eram moles, como de cachorro. Correu ao banheiro. As orelhas estavam na altura do ombro e continuavam crescendo. Ficou só olhando. Elas cresciam, chegavam à cintura. Finas, compridas, como fitas de carne, enrugadas. Procurou uma tesoura, ia cortar a orelha, não importava que doesse. Mas não encontrou, as gavetas das moças estavam fechadas. O armário de material também. O melhor era correr para a pensão, se fechar, antes que eu não pudesse mais andar na rua. Se tivesse um amigo, ou namorada, iria mostrar o que estava acontecendo. Mas o escriturário não conhecia ninguém a não ser os colegas de escritório. Colegas, não amigos. Ele abriu a camisa, enfiou as orelhas para dentro. Enrolou uma toalha na cabeça, como se estivesse machucado.
Quando chegou na pensão, a orelha saía pela perna da calça. O escriturário tirou a roupa. Deitou-se, louco para dormir e esquecer. E se fosse ao médico? Um otorrinolaringologista. A esta hora da noite? Olhava o forro branco. Incapaz de pensar dormiu de desespero.
Ao acordar [...]
(Os melhores contos de Ignácio de Loyola Brandão, Seleção de Deonísio da Silva. São Paulo: Global, 1993. p. 135.)





Profª Língua Portuguesa
SESI - 166